quinta-feira, 16 de abril de 2009

segunda-feira, 13 de abril de 2009

FRISSON


Meu coração pulou
Você chegou me deixou assim
Com os pés fora do chão
Pensei: "que bom, parece enfim, acordei"
Pra renovar meu ser
Faltava mesmo chegar você
Assim sem me avisar
E acelerar um coração que já
Bate pouco de tanto procurar por outro
Anda cansado mas quando você está do lado
Fica louco de satisfação
Solidão nunca mais
você caiu do céu
Um anjo lindo que apareceu
Com olhos de cristal
Me enfeitiçou, eu nunca vi nada igual
De repente você surgiu na minha frente
Luz cintilante, estrela em forma de gente
Invasora do planeta amor
você me conquistou
ME OLHA, ME TOCA
ME FAZ SENTIR
QUE É HORA, AGORA
DA GENTE IR...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Me dê a coragem

Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio

como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir

como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
meu PECADO DE PENSAR.



Clarice Lispector

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade