terça-feira, 24 de novembro de 2009




Eu fragmentado

Eu sou todas as partes juntas. A que fui ontem e a que sou agora.
Não é possível que eu seja a mesma pessoa.
Como posso ser tantas em uma só? É bom quando escolho, mas às vezes me perco.
Mas sem dúvida sou muitas. Sou triste, sou feliz, sou preguiça e dedicação, erro e correção, sou bela e sou estranha.
Saudade, vontade, desejo, solidão. Tudo isso sou eu. Ou melhor, estou eu.
No inglês ser e estar são um só verbo. A separação nos confunde.
É engraçado observar a si e perceber que não se pode ser o mesmo continuamente. Somos seres instáveis: que estão e logo não estão mais, então passam a estar em outro estado. Somos muitos estados. E mesmo assim não deixamos de ser.
Estou ansiedade, felicidade, afeto. Mas já estive outros e sei que estarei muitos outros mais.
Nem sempre estou aqui junto comigo. Nem sempre o eu-corpo está junto com o eu-mente. Eu-mente é direcionado pelo eu-corpo, que cumpre papéis, presença e possibilita afetos. Já o eu-mente atrai e direciona o eu-corpo para a ação.
Tudo é ação, mas nem sempre é consciente, pensada ordenada. O eu-corpo pode ser espontâneo. E talvez haja um terceiro elemento, ou terceiro eu, controlando o que não sabemos explicar. Eu-alma? Eu-espirito? Eu-deus?
Sou aquela no espelho, na foto, no telefone. Sou o meu braço, pele que sente. Tato, olfato, luz som, sabor. Sou o que imagino. Sou o que me vêem. Sou o que sinto e o que afeto. Sou um ideal e um mal exemplo. Sou assim. Complicada, com segredos, convicta e com dúvida. Simplesmente estou, e assim vou sendo.
Somos UM, fragmentado.
criado por Maria Rita